ATA DA QÜINQUAGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 09-12-2003.
Aos nove dias do mês de dezembro de dois mil e três,
reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal
de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e quatro minutos, constatada a
existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da
presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto
Alegre ao Senhor Antônio Gilberto Lehnen, nos termos do Projeto de Lei do
Legislativo nº 379/03 (Processo nº 5197/03), de autoria do Vereador João Carlos
Nedel. Compuseram a MESA: o Vereador Cláudio Sebenelo, presidindo os trabalhos,
nos termos do parágrafo único do artigo 26 do Regimento; o Padre Roberto Paz,
representante do Arcebispo da Arquidiocese de Porto Alegre; o Senhor Antonio
Pires, Presidente da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas – ADCE; o
Senhor Antônio Parissi, Presidente da Associação dos Juristas Católicos; o
Senhor Eduardo Vianna Pinto, representante do Conselho de Cidadãos Honorários
de Porto Alegre; o Senhor Antônio Gilberto Lehnen, Homenageado; a Senhora
Cléris Lehnen, esposa do Homenageado; o Vereador João Carlos Nedel, na ocasião,
Secretário “ad hoc”. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em
pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra
aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador João Carlos Nedel, em
nome das Bancadas do PCdoB, PMDB, PPS, PSB e PTB, discorreu sobre a trajetória
pessoal e profissional do Homenageado, afirmando que a mentalidade solidária e
cristã do Senhor Antônio Gilberto Lehnen o torna referência de cidadania e
exemplo de ser humano integrado à sua comunidade. O Vereador Beto Moesch, em
nome da Bancada do PP, analisou a importância da fé na construção da
personalidade do Senhor Antônio Gilberto Lehnen, destacando que o Título hoje
entregue representa o reconhecimento dos porto-alegrenses ao trabalho realizado
por Sua Senhoria em prol do engrandecimento da Cidade. Após, o Vereador João
Carlos Nedel assumiu a presidência dos trabalhos e registrou a presença do
Senhor Fernando Gay da Fonseca. A seguir, foi dada continuidade às
manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da
Bancada do PSDB, ressaltando o trabalho realizado pelo Homenageado na área da
propaganda, analisou o desenvolvimento e a influência dos meios de comunicação
na sociedade atual. Ainda, procedeu à leitura do poema “O Bonde Fantasma da
Madrugada”, de autoria de Sua Excelência. Em continuidade, o Vereador Cláudio
Sebenelo reassumiu a presidência dos trabalhos e convidou o Vereador João
Carlos Nedel e a Senhora Cléris Lehnen a procederem à entrega do Diploma e da
Medalha referentes ao Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor
Antônio Gilberto Lehnen, concedendo a palavra
a Sua Senhoria e à Senhora Cléris Lehnen, que agradeceram o Título hoje
entregue pela Casa. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou as presenças dos
Senhores João Firmo de Oliveira, Presidente do Sindicato das Agências de
Propaganda do Rio Grande do Sul, do ex-Vereador Luiz Vicente Dutra e registrou
o recebimento de correspondências alusivas à presente solenidade, enviadas pelo
Senhor Armênio de Oliveira dos Santos, Chefe de Gabinete da Secretaria Estadual
do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais; pelo Senhor Artur Bachini;
pelo Senhor Marcos Adriano dos Santos Schleintvein, Chefe de Gabinete da
Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento, em nome do Senhor Odacir
Klein, Secretário dessa Pasta; e pelos Senhores Carla e Luiz Antônio Rech.
Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução
do Hino Rio-Grandense e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de
todos e declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e trinta e seis
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Cláudio
Sebenelo e João Carlos Nedel, nos termos do parágrafo único do artigo 27 do
Regimento, e secretariados pelo Vereador João Carlos Nedel, como Secretário
"ad hoc". Do que eu, João Carlos Nedel, Secretário "ad
hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Cláudio Sebenelo): Neste momento, damos início à Sessão
Solene de outorga do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao senhor
jornalista Antônio Gilberto Lehnen, proposta pelo Ver. João Carlos Nedel.
Compõem
a Mesa na noite de hoje, inesquecível para esta Câmara, além do homenageado o
publicitário Antônio Gilberto Lehnen, a Sra. Cléris Lehnen, esposa do nosso
homenageado; Padre Roberto Paz, representando o Arcebispo da Arquidiocese de
Porto Alegre; Dr. Antonio Pires, Presidente da Associação dos Dirigentes
Cristãos de Empresas – ADCE; Dr. Antônio Parissi, Presidente da Associação dos
Juristas Católicos; Dr. Eduardo Vianna Pinto, representante do Conselho de
Cidadãos Honorários de Porto Alegre, e como proponente desta homenagem, o Ver.
João Carlos Nedel.
Convidamos
a todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.
(Ouve-se
o Hino Nacional.)
Neste
momento, fará uso da palavra o Sr. Ver. João Carlos Nedel, proponente desta
Sessão Solene, que falará também pelas Bancadas do PTB, do PMDB, do PPS, do PSB
e do PCdoB.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Exmo. Sr. Presidente, Ver. Cláudio
Sebenelo; nosso querido homenageado, Antônio Gilberto Lehnen, sua esposa,
Cléris Lehnen; Padre Roberto Paz, representante do Arcebispo da Arquidiocese de
Porto Alegre; Sr. Antonio Pires, Presidente da Associação dos Dirigentes
Cristãos de Empresas – ADCE; Dr. Antônio Parissi, Presidente da Associação dos
Juristas Católicos; Dr. Eduardo Vianna Pinto, representante do Conselho de
Cidadãos Honorários de Porto Alegre; familiares do homenageado, filhos: Celso,
Paulo e Clarice; nora Carmem e genro João Pedro Wolf; netos: Gustavo Meneghetti
Lehnen, Francisco Lehnen Wolf e João Lucas Lehnen Wolf; irmãos: Egídio, Zélia e
Carmem; prezados Sérgio Breier e
esposa, Coordenadores-Gerais do Movimento dos Cursilhos de Cristandade; prezado
Dr. Antonio D’Amico, Presidente da Associação dos Dirigentes Cristãos de
Empresas do Rio Grande do Sul; prezado Dick Sheitel, Presidente da Associação
Brasileira de Agências de Publicidade; prezado Sérgio Kaminski, Vice-Presidente
da FEDERASUL, no exercício, hoje, da Presidência; Irmão Valério Menegat,
Presidente da Fundação Pão dos Pobres; meu prezado Osvaldino Ruduit, representante
do Círculo Operário de Porto Alegre; Padre Florindo Ciman, meu ilustre Cidadão
Honorário de Porto Alegre; amigos do Gilberto Lehnen, senhoras e senhores. Ver.
Beto Moesch, o que torna um homem digno de receber o Título de Cidadão
Honorário de Porto Alegre? No caso de nosso homenageado de hoje é muito fácil
de responder.
Muitas
e muitas vezes, eu tenho manifestado aqui o meu orgulho de ser natural de São
Luiz Gonzaga, cheio de certeza e de razão, é claro. Mas hoje eu vou ter de
confessar a vocês todos, publicamente, que estou com inveja de Taquara, porque
foi lá que o Gilberto Lehnen nasceu. Eu sei, por conhecimento pessoal, que
Taquara tem justo orgulho, porque o Gilberto é natural daquela bem-aventurada
cidade. Mas também sei que qualquer cidade poderia orgulhar-se de tê-lo como um
dos seus ilustres filhos. E é certamente por isso que, na condição de Vereador
de Porto Alegre, eu quis dar à nossa Cidade a satisfação de acolher Gilberto
Lehnen, não mais apenas como alguém aqui residente e domiciliado, mas como um
dos seus mais distintos membros na condição de Cidadão Honorário de Porto
Alegre.
Taquara
que me desculpe, mas Gilberto Lehnen agora é Cidadão Honorário de Porto Alegre,
por Lei aprovada pela totalidade dos Vereadores desta Casa. E, portanto, não
mais preciso invejá-lo.
Eu
teria mil motivos para justificar a proposição que fiz de conceder esse título
a este homem a quem tenho na condição de um dos mais queridos e respeitados
amigos. Mas eu quero falar algumas coisas que nem todos sabem.
No
terreno profissional, por exemplo - e isso todos reconhecem - é um dos mais
talentosos, criativos e eficazes homens de comunicação de Porto Alegre. Ainda
hoje, embora sua modéstia e simplicidade não permitam que se faça alarde disso.
Como publicitário, diretor ou sócio de agência de propaganda, Gilberto orientou
importantes empresas na Capital e no Interior, ajudando-as a crescerem e
ocuparem mercados, sempre dentro dos mais rígidos princípios éticos, que jamais
consentiu que fossem violados.
Como
homem de família, é esposo exemplar e pai amoroso como poucos que tive a
oportunidade de conhecer. É um homem que faz amigos com facilidade, e os amigos
que aqui estão comprovam isso, com seu coração terno, dócil e afável. Ande por
onde andar, quem dele se aproxima torna-se seu amigo para sempre.
Como
católico, meu caro Guido Moesch, que nos dá a honra da presença, seu fervor e
sua perseverança, em meio a tantas dificuldades que enfrentou, são dignos de
exemplo.
Cito
o caso, por exemplo, da ocasião em que o Gilberto fez a primeira cirurgia do
coração. Ao acordar da anestesia, ainda meio tonto, quase sem poder falar,
Gilberto pediu um papel à enfermeira e nele escreveu “Louvado seja Nosso Senhor
Jesus Cristo”. Seu primeiro pensamento foi de louvor e de agradecimento pela graça
recebida!
Eu
não tenho receio de afirmar que a vida do Gilberto é toda ela uma oração, Padre
Florindo.
Mas
eu quero falar também do Gilberto cidadão. Ele se apaixona com facilidade, meu
caro Glauco, pelas causas válidas, ainda que sejam difíceis, e briga por elas
até a exaustão.
No
campo político, por exemplo, poucos sabem que ele foi um dos grandes apoiadores
intelectuais da comissão sobre o carvão do Rio Grande do Sul, que buscava um
resultado até hoje não obtido, de oferecer uma alternativa energética que
poderia dar a maioridade ao País nesse campo, ainda hoje dependente das
hidrelétricas.
Era
digno de se ver o entusiasmo do Gilberto na campanha da Constituinte, tentando
fazer com que a Assembléia Legislativa oferecesse à população informações e
buscasse sua participação na Constituinte Estadual.
Provocado
pelo seu amigo, aliás, amigo de muitos de nós aqui presentes, Dr. Fernando
Lucchese, no sentido de fazer uma campanha preventiva das doenças do coração,
Gilberto foi à luta com toda a garra, movimentando sua equipe de criação e
buscando patrocínio para sua divulgação. Foi uma das campanhas mais
impressionantes de que tomei conhecimento. Infelizmente, a campanha não saiu
por falta de apoio financeiro. O povo e a Cidade perderam a campanha, mas o Gilberto
não perdeu o entusiasmo, porque ele é um desses homens determinados e
entusiastas, para os quais não existem fracassos, apenas paradas para a
reflexão, motivadoras à participação em novas empreitadas, desde que sejam boas
e justas.
Quase
no anonimato, Gilberto Lehnen tem sido um dos mais belos exemplos de cidadão
consciente que esta Cidade tem.
Sei
que ele deve estar encabulado por se ver assim tão exposto, mas é isso mesmo
Gilberto: agora és Cidadão de Porto Alegre. Essas histórias precisam ser contadas
para que sirvam de exemplo - e como este mundo precisa de bons exemplos! -,
especialmente aos jovens tão carentes de modelos adequados ao seu
desenvolvimento. Que Deus, Nosso Senhor, te dê longa vida, feliz em meio a
tantos que te amam, em especial tua esposa, Cléris, teus filhos, aqui
presentes, teus netos, para que possas fazer brilhar a tua luz nesta Cidade que
hoje está aqui demonstrando que também te ama muito. Que Deus te abençoe,
amigo! (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Cláudio Sebenelo): Com a palavra o Ver. Beto Moesch pela
Bancada do Partido Progressista.
O SR. BETO MOESCH: Sr. Presidente da Câmara Municipal de
Porto Alegre nesta Sessão Solene, Ver. Cláudio Sebenelo. (Saúda os componentes
da Mesa e demais presentes.) São várias as autoridades, amigas e amigos. Dr.
Antônio D’Amico; Kaminski; Dr. Staub; Eduardo Albersheim Dias; Padre Florindo;
meu pai, Guido; são muitos amigos, Presidente Sebenelo, mas, com certeza, Ver.
João Carlos Nedel, não há nenhuma “marmelada” aqui nesta Câmara, pode ter
certeza, muito antes pelo contrário, nós aprovamos por unanimidade esta
homenagem de Cidadão Honorário ao Gilberto com muita convicção. Os filhos, o
Celso, meu especial amigo, o Paulo, a Clarice, os netos.
Realmente
eu me impressionei, Gilberto - eu, que te conheço já há tanto tempo -, com um
currículo extraordinário, já sabia, talvez, de 10% desse currículo e já me
impressionava com a história do Gilberto. E, ao ler esse currículo, realmente,
nos impressionamos, mas não nos surpreendemos. O Gilberto tem essa expressão
serena, esse olhar sereno; no meio de vários problemas que nós enfrentamos no
dia-a-dia, ele justamente transmite serenidade, é impressionante, isso é muito
difícil nos dias de hoje. Ele nos tranqüiliza; parece que os problemas não são
aqueles que se apresentam e que podem ter fácil solução. Com certeza isso é
muito porque o Gilberto é um homem de fé, e quem tem fé sabe que, quando os
problemas se apresentam, não que eles sejam de fácil solução, mas serão
solucionados. Com certeza daí a sua expressão serena, porque é uma expressão de
fé!
E
o Gilberto é um exemplo de como, ao nós acreditarmos no Evangelho, ao nós
acreditarmos e conhecermos a doutrina social da Igreja, e muito mais do que
isso, ao praticá-la, é possível - e só por meio desses instrumentos, dessa
mensagem de amor - nós realmente construirmos um mundo justo, um mundo
sustentável e um mundo também para as futuras gerações.
E
esse currículo invejável, ao menos aqui, começa lá na Rádio Taquara, repórter,
redator, locutor. Trabalhou no Diário de Notícias, na Rádio Gaúcha, foi
professor da FAMECOS, na PUC, Professor Gilberto Lehnen. Eu não sabia que
também era professor, embora seja professor do nosso dia-a-dia, nos ensinando,
colaborando, mas também foi, literalmente, professor da FAMECOS. Publicitário
do Ano, em 1969, concedido pela Associação Rio-Grandense de Propaganda, membro
da Comissão de Ética da Associação Brasileira de Agências de Propaganda e do
Sindicato das Agências de Propaganda, ressalto isso, porque este é o nosso
grande desafio: a ética em todas as nossas atividades. Imaginem no meio de
comunicação, no qual surge como profissional e em que trabalha o Gilberto
Lehnen - a ética na propaganda, na TV, nos meios de comunicação. Coordenador da
campanha de divulgação da recepção de um dos momentos mais marcantes de Porto
Alegre: a vinda do Papa João Paulo II à nossa Cidade, em 1980. Teve papel
decisivo na divulgação daquele momento histórico da vinda do Santo Padre entre
nós que, tenho certeza, quase todos tiveram o privilégio de acompanhar. Membro
do Conselho Deliberativo da Associação Rio-Grandense de Imprensa, ou seja, por
onde passou sempre teve uma atuação marcante, porque nós aprendemos que o
verdadeiro cristão é aquele que age, sim, que se inspira no Evangelho para
atuar no dia-a-dia, e essa história belíssima que eu estou apenas sintetizando
mostra como o Gilberto Lehnen foi justamente o operário da fé, o operário do
Evangelho por todos os lugares por que passou, sempre com esse olhar sereno,
com esse olhar de fé. Coordenador de diversos encontros de reflexão para
dirigentes cristãos de empresas em Porto Alegre, em Passo Fundo, em Santa Cruz,
em Florianópolis, no Rio de Janeiro. Vice-Presidente da ADCE, também coordenou
o encontro de reflexão para políticos cristãos. Aliás, Ver. João Carlos Nedel,
temos de chamá-lo para o nosso Movimento dos Vereadores Católicos da Câmara de
Vereadores; encontro de reflexão para médicos cristãos; para juristas
católicos, dos quais participei de diversos. Ou seja, uma pessoa que trabalhou
intensamente na sua profissão, mas sempre atuando no meio comunitário. E vejam
que estou sintetizando ao máximo esse currículo extraordinário e rico.
Foi
colaborador do Centro da Pastoral para a impressão do Folheto Litúrgico “O Dia
do Senhor”, que todos, claro, conhecem muito bem; membro da comissão de
construção da Igreja Nossa Senhora da Paz – no seu bairro, Ver. Cláudio
Sebenelo – de 1963 a 1966; jornalista; publicitário; empresário; professor; o
pai Gilberto Lehnen; o marido Gilberto Lehnen.
Deus disse: “Crescei,
multiplicai-vos e transformai a criação”. O homem foi além, por incrível que
pareça, porque, Ver. Sebenelo - Vossa Excelência que é medico -, o que pulsa
dentro de Gilberto Lehnen não é o seu coração. Ou seja, o homem não transformou
apenas a criação, ele conseguiu transformar a si mesmo. É o milagre da vida.
Mas não é para o Roberto Paz, com certeza, milagre do homem; é o milagre da
vida. É o milagre no sentido de Deus de dar a inteligência ao homem, e o homem,
ao saber usar essa inteligência, usa-a para a vida que pulsa ali dentro de
Gilberto Lehnen. Que história perfeita! Realmente, Ver. João Carlos Nedel, como
registraste: a vida do Gilberto Lehnen, literalmente, é uma oração.
Gilberto
Lehnen, não queremos apenas lhe dizer parabéns, mas muito obrigado por tudo o
que fizeste e que continuarás fazendo para todos nós, teus amigos, teus
familiares e principalmente à cidade de Porto Alegre que agora, justamente, te
homenageia. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Cláudio Sebenelo): Convidamos o Ver. João Carlos Nedel a
assumir a presidência dos trabalhos, porque eu também quero-me associar e fazer
um discurso pelo PSDB, saudando um convidando tão ilustre e um novo Cidadão de
Porto Alegre com esse currículo fantástico.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): Com alegria registramos a presença do
Prof. Fernando Gay da Fonseca, nosso eterno Senador e escritor.
O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra e falará em nome do seu Partido, o
PSDB.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Porto Alegre tem
sete ruas alfa e eu estou dando nome de Rua Alfa do Centauro, a oitava rua
alfa. E o publicitário Gilberto Lehnen mora em uma rua alfa que eu queria mudar
de nome. Mas os motoristas de táxis dessa rua, que são nossos amigos comuns
impediram, eles disseram: "Nós não queremos que mude, porque o táxi alfa é
famoso em Porto Alegre."
Eu
gostaria de saudar a iniciativa do Ver. João Carlos Nedel por essa idéia
brilhante de trazer até esta Casa e conferir o Título de Cidadão de Porto ao
Gilberto Lehnen.
Eu
vou entrar na senda do Ver. Beto Moesch, fica difícil falar por último, porque
o tema foi gasto, na sua tinta toda, pelo Ver. João Carlos Nedel. Cada vez que
eu ouço o Ver. Beto Moesch eu fico encantando, porque ele pinça detalhes de
alguma coisa de emocional, de sentimento, e eu fico encantado, porque eu gosto
muito das pessoas que falam com criatividade, e o Ver. Beto Moesch tem essa
propriedade de falar com esse brilho invulgar.
Raramente
o currículo de um homenageado tem essa gama de atividades, inclusive
profissionais. O Cel. Pedro Américo Leal chama essas pessoas, que têm essa
versatilidade, de pluriápticos, que têm múltiplas aptidões, ou seja, aptos para
exercerem muitas coisas.
Hoje,
nos países do primeiro mundo, é comum uma pessoa passar por três ou quatro
profissões durante a vida. Outro dia o Ministro Paulo Brossard dizia assim:
“Sejam políticos, mas não percam a sua profissão de origem”. Nessas escolhas
profissionais - e às vezes eu me vejo um pouco pressionado pela
responsabilidade profissional, saindo na corrida do hospital e vindo para a
Câmara -, eu acho que nós descobrimos em cada profissão uma forma diferente de
ver o mundo. Assim como cada profissão tem a sua forma, o seu linguajar, as
profissões têm também uma ótica. E o Gilberto, muito cedo, descobriu a sedução
da comunicação Ele teve o privilégio – não chamando ele de velho – de
participar dos primórdios da propaganda. E vejam, neste poema, o nítido papel
dos reclames. Chama-se “O Bonde Fantasma da Madrugada” (Lê.): “Fantasma pela
hora / Lotado de gasparzinhos / Estranhos e velhos vizinhos / Seu ganho maior
era a passagem / Miragens fraudavam cobradores / Catracas ou borboletas, aos
pulos, / sem o bater das asas, sem colorido, / etéreos, sem antes ser larva, /
de cor recitavam reclames famosos / do tipo faceiro, completamente bêbados / de
Rum Creosotado / mas com a nossa convivência, / o elétrico apinhavam, / alta
madrugada,/ pouco antes de dormir,/ alguns deles dentro de mim".
Estes
versos, publicados no livro Porto Alegre - Vento, Rio – essa é uma propaganda
safada -, mostram o quanto a propaganda e impressos dentro dos bondes faziam um
papel midiático e intenso e de extremo charme.
E
a propaganda fez o Gilberto viajar por mundos completamente diferentes. Vejam
as carreteiras dos irmãos Andreatta, do alemão Diogo Elwanger; do José Asmuz - que foi meu
Presidente, eu era vice dele no Internacional; do Aldo Costa - que começou com
uma empresa de ônibus; do Haroldo Dreux -
que já era diretor da Albarus -, quando a disputa por linha telefônica nas
vizinhanças, na corrida, fazia a diferença. Até a Agência Nacional, por convite
do nosso lendário, saudoso e muito querido Ernani Behs. E o nosso homenageado, aos 19 anos, já seguia o Governador Ildo
Meneghetti e seus secretários como profissional do jornalismo, da publicidade,
da divulgação, da imprensa, da comunicação.
Naquela
época Porto Alegre era surrealista em sua forma de ser, e como jornalista no
Diário de Notícias, tínhamos, em outro jornal um cronista, o maior, talvez, de
todo o jornalismo de Porto Alegre: João Bergmann era conhecido como Jotabê. A
sua coluna na Folha da Tarde era escrita em tópicos, sempre iniciando por:
"ao mesmo tempo", "entrementes", "concomitante".
E ele tinha, para essas palavras, mais ou menos de 10 a 12 sinônimos. E nós,
nos fins de tarde, comprávamos a Folha da Tarde, ríamos e nos divertíamos com a
coluna do Jotabê.
O Inter tinha um time bem
ruinzinho, o Presidente era o Fagundes de Mello, o Vice de Futebol era o Nestor
Ludwig, e diretor chamava-se Pinheiro Borda, e evidente que o Jotabê não
resistiu ao Pinheiro Borda, e disse: "Enquanto a linha do Internacional
costura, o José Pinheiro... borda." Ou quando Meneghetti anunciou o seu
secretariado, ele estranhava apenas um nome, era o Secretário da Agricultura,
que disse que tinha o nome extraído das listas telefônicas. Chamava-se Orlando
da Cunha.
E
assim, diariamente, esse nosso cronista da cidade brincava de escrever, para
nossa alegria. O Jotabê, advogado, havia sido orador da turma, com um dos
discursos mais hilários da história da Faculdade de Direito. Na verdade, era
obeso mórbido, profundamente depressivo, e com tenra idade nos deixou, de
repente, vitimado por um infarto agudo, esse mesmo coração que um dia incomodou
o nosso homenageado, e que ele resolveu trocar, com tanto sucesso.
O
esporte do Gilberto, parece mentira, foi o automobilismo. Muito longe dessa
serenidade, a adrenalina do automobilismo contagiou, pois já era um esporte com
muitos adeptos na época, mas, longe de ser um esporte popular; era caríssimo,
exigia espaço que Porto Alegre não tinha. Começaram correndo na Redenção,
depois foram para a Pedra Redonda, e por fim Tarumã. Começava o jornalismo
automobilístico. Depois, a indústria automobilística, como símbolo maior da
sociedade da pressa, que nos envolve e nos aprisiona até hoje.
Mas,
na verdade, o seu fascínio maior localizou-se, na Psicossociologia, na sedução
das massas por um texto inteligente: “Em matéria de pinturas, quem dá as tintas
é Renner”. Havia um que eu achava maravilha: “A Atma é ótima”, “Melhoral é
melhor e não faz mal”. Claro que nós sabemos hoje que essa propaganda era
enganosa e o ácido acetilsalicílico pode furar o estômago do paciente. E o
Calomelano, que não continha calomelano, e as pílulas de Lússen, e as do Dr.
Ross, e o Phimatosan, e a “Kola Fosfatada Soel, saúde e energia a granel”, na
doce ingenuidade de uma propaganda que, na falta de soluções, apresentava
alternativas, muito mais como efeitos psicológicos.
Mas
é exatamente a busca do convencimento no afetivo, no emocional, no que havia de
mais caro nas pessoas que ocorreu o grande sucesso das propagandas. Depois,
descobriu-se, nesta Porto Alegre de então, que a propaganda encaminhava-se para
o inconsciente, para a entrelinha, para o subliminar. Milhares de histórias
então se associaram a idéias e encharcaram de criatividade e de ilusões.
No
dizer de Orestes Barbosa: “...nos meus delírios nervosos,/dos anúncios
luminosos/que são a vida a mentir”.
Gilberto,
lá da tua pequenina Taquara que escolheste o caminho natural para a Cidade
maior, do feudo para a Capital, e aqui fizeste a tua vida, e aqui venceste.
Hoje,
esse ar, esse conjunto de ruas, de avenidas - algumas muito bem traçadas
urbanisticamente, e outras, espontaneamente nascidas do cuore das cidades -, esquinas, points,
botecos, especialmente o teu povo, o povo de Porto Alegre, abraça-te com um
afeto que só o vento sabe acariciar, com o amplexo que só as mães sabem
abraçar. Esta Cidade, em forma de útero, que sabe agasalhar com o colorido que
só as primaveras conseguem pintar. E
hoje, certidão passada, pega um teco-teco, sobrevoa, confere as luzes de Porto
Alegre, conta como estrelas, a expressão de alegria e felicidade pela tua
escolha. É este Porto e a sua gente que te acolhe com papel passado e medalha
de vencedor na corrida da vida que ainda se desenha muito longa e nova ao lado
dos inúmeros amores que ela te oferece, seu novo e perdidamente enamorado
Cidadão de Porto Alegre, Antônio Gilberto Lehnen. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
(O
Ver. Cláudio Sebenelo reassume a presidência dos trabalhos.)
O SR. PRESIDENTE (Cláudio Sebenelo): Chegamos ao momento culminante da
cerimônia de passar ao cerne da questão, isto é, convidar o Ver. João Carlos
Nedel e a esposa do homenageado, Sra.
Cléris Lehnen, para procederem à entrega do Título Honorífico de Cidadão
de Porto Alegre e da Medalha ao Sr.
Antônio Gilberto Lehnen.
(Procede-se
à entrega do Título e da Medalha.) (Palmas.)
Com
a palavra o nosso homenageado, Sr. Antônio Gilberto Lehnen.
O SR. ANTÔNIO GILBERTO LEHNEN: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre, em exercício, neste ato, Ver. Dr. Cláudio Sebenelo, e saudando
o ilustre Vereador saúdo a todas as pessoas e amigos aqui presentes.
Inicialmente,
Ver. Cláudio Sebenelo, permita-me uma brincadeira. Vossa Excelência excitou-me
um pouquinho falando de bondes e também daquelas poesias. Lembra de uma outra?
“ Veja ilustre passageiro, belo tipo faceiro, que senta a seu lado, no entanto
acredite, quase morreu de bronquite, salvou-o Rum creosotado”. Ou então uma
outra que dizia assim: “Passe Jabu na careca e chame o cabeleireiro”.
Mas meus amigos, vim para
Porto Alegre em 1950 para estudar, como muitos outros jovens taquarenses faziam
na época. Havia concluído o ginásio em Taquara e precisava dar continuidade aos
meus estudos.
Meu
destino foi a Escola Técnica Parobé, onde um novo e promissor curso surgia:
construção de pontes e de estradas.
Por
ser de condição pobre - com mãe viúva, costureira e com três filhos para criar
- consegui uma das 28 vagas do internato.
Mas
meus amigos, a minha primeira noite em Porto Alegre foi inesquecível.
Eu
não consegui dormir. Tudo porque o alojamento era próximo da estação da Carris,
e o ruído dos bondes entrando e manobrando na garagem era infernal.
Na
Páscoa voltei a Taquara, que continuava igual: pacata e silenciosa.
E
aí, à noite, também não consegui dormir,
por quê? Porque faltava o barulho dos bondes!
Mal
poderia imaginar que hoje eu estaria nesta tribuna, recebendo da Câmara de
Vereadores, o Título de Cidadão de Porto Alegre, numa Sessão Solene, Presidida
pelo Ver. Dr. Cláudio Sebenelo.
A
indicação do meu nome partiu de uma iniciativa do Ver. João Carlos Nedel, a
quem também conheço há muitos anos, convivendo com ele nas mais variadas
situações.
Quero
agradecer o seu esforço em descobrir em mim méritos que na verdade não são só
meus.
De
igual forma, estendo meus agradecimentos a todos os nobres Edis
desta Casa, que, de forma unânime, acolheram a proposição do Vereador
Nedel. Agradeço, também, em especial, neste momento, os pronunciamentos feitos
pelos ilustres Vereadores Nedel, Beto Moesch e o Cláudio Sebenelo.
E
acreditem, senhores, que a surpresa que me foi preparada realmente foi uma
prova de fogo para testar meu coração. Ainda bem que ele resistiu ao impacto...
Cléris,
vou pedir ajuda. (Palmas.)
(A
Sra. Cléris Lehnen assume a tribuna a pedido do homenageado.)
A SRA. CLÉRIS LEHNEN: Reafirmo que este Título de Cidadão
Honorário de Porto Alegre, que jamais sonhei em receber, mas que, com todo o
empenho, procurarei honrar, não é só
meu. Ele pertence a um mundo de pessoas com as quais eu tive a ventura de
partilhar minha vida. De cada uma, de alguma forma, recebi algo que me foi
valioso e que me ajudou a construir minha existência.
Recebi
ajuda, conselho, orientação, puxão de orelhas, amor, carinho, amizade,
espiritualidade, lições de como fazer e também de como não fazer as coisas, e
que me ajudaram a ser o que sou, com as limitações impostas por minhas
deficiências. A todas essas pessoas sou e serei eternamente grato.
Aprendi
com a minha querida mãe, Maria, a lealdade, o amor ao próximo e a amar a Deus.
Ela foi a minha primeira catequista. Junto com meus irmãos Zélia e Egídio,
formávamos uma família feliz, que se completava com os irmãos Juca, Teresinha,
Valda, Sônia e Carmem, do primeiro matrimônio de meu pai.
Minha
mãe, Maria, foi colocando em nossos corações a semente da fé e o entusiasmo
pelo trabalho. Seu exemplo de vida me acompanhará sempre. Recebi de Deus, como
também todas as pessoas recebem, uma incumbência importante: ajudar a construir
o mundo, ou seja, Deus traçou um plano para mim, e a mim cabe descobri-lo e
agir de acordo, tendo sempre a consciência de que se eu não fizer a parte que
me cabe, ela ficará incompleta. E qual seria minha missão? Quando vim para a
Escola Parobé, imaginava que minha vocação fosse a engenharia, mas com o correr
do tempo observei que estava sendo chamado para a área da comunicação, talvez
porque sempre gostei de estar com as pessoas, de ter apreço, me relacionar e de
ser útil aos outros. E assim foi que, de estradas de brita, de asfalto e de
pontes de madeira, ferro ou concreto, passei a ajudar a construir outros tipos
de estradas ou de pontes. Não mais de terra e brita, mas estradas e pontes de
relacionamento entre as pessoas, tanto pessoas físicas como jurídicas,
profissional ou comunitariamente, tarefa que procuro cumprir com todo o meu
esforço.
Os
amigos que fiz e preservo são a minha maior riqueza; eles estão em todos os
lugares por onde passei, nas rádios, nas agências de propaganda, na Associação
Rio-Grandense de Imprensa, na ARP, no Sindicato dos Publicitários, na
Pontifícia Universidade Católica, no Movimento de Cursilhos de Cristandade, na
Justiça do Trabalho, na ADCE - Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas -,
na Associação dos Juristas Católicos, na Associação de Médicos Católicos, entre
outras.
Comecei
vendendo espaços, logo estava com o microfone na mão; fui radialista, vi de
perto momentos históricos de nosso País, seja no automobilismo ou em meu tempo
de Agência Nacional; fui crescendo e me integrando à vida da Cidade. Na
propaganda, pude participar de várias campanhas para lançamento de novos
produtos, e por conseguinte, de novos benefícios. O que era a vida antes do
ar-condicionado? Antes da TV a cores? Antes do freezer? Tenho a consciência de
que muitas campanhas, por sua essência, trouxeram também benefícios diretos à
comunidade, ou seja, para todos nós, como por exemplo, o “Prêmio Springer por
um Rio Grande Maior”, que premiava os homens públicos por ações destacadas em
favor do bem comum. E se eu estava lá, foi porque pessoas me convidaram, foi
porque pessoas haviam iniciado uma causa. É uma verdade: para quem está
disposto a servir sempre há convites, sempre existem tarefas.
Lembro,
com carinho, da campanha realizada quando da vinda do Papa João Paulo II a
Porto Alegre, também das campanhas para o Instituto do Câncer Infantil, para o
Lar Santo Antônio dos Excepcionais, para o Orfanato Pão dos Pobres, as
campanhas de Natal da ADCE, valorizando que, acima de tudo, Natal é Cristo, ou
voltando ainda mais no tempo: a grande campanha “Imposto Pago, Progresso
Assegurado”, oferecida ao Governo do Estado por iniciativa da ADVB.
Um
marco importante nesse campo da comunicação, que é uma área que trabalha e mexe
com situações novas, acredito tenha sido minha conduta e luta constante pela
ética na propaganda, pela verdade, pelo respeito ao consumidor.
Trabalhei
na Justiça do Trabalho como Juiz Classista. Ali, mais próximo das desavenças da
vida, pude, iluminado por Deus, aproximar partes, promover acordos, ajudar a
encaminhar um sentimento de justiça. Isso é muito nobre. Onde tantos só vêem problemas,
a Justiça me trouxe também grandes amigos. A amizade é como um rio que se solta
e fecunda a terra por onde passa.
As
participações em encontros de reflexão, quer no Cursilho, quer na ADCE, também
foram e são momentos de muito enriquecimento pessoal. Não existe nada mais
sublime do que ajudar pessoas a encontrarem-se com Deus.
Taquara,
minha cidade natal, foi o meu primeiro amor, o que a gente não esquece.
Porto
Alegre é meu amor definitivo. Transplantei minhas raízes.
O SR. ANTÔNIO GILBERTO LEHNEN: Aqui, em Porto Alegre, conheci a Cléris e casei com ela, a minha
eterna namorada, meu anjo da guarda terreno. Somos casados há 40 anos. Nosso
lar foi abençoado por três filhos, que nos deram genro, nora, netos e muitas
alegrias. Graças ao apoio que sempre recebi da minha família, pude realizar
minhas atividades com fortaleza e tranqüilidade.
A SRA. CLÉRIS LEHNEN: Decidi não declinar o nome de nenhum
amigo, para não cometer a injustiça das omissões. Mas não posso omitir quatro
nomes, também por uma questão de justiça: o do jamais esquecido publicitário
Ernani Behs, também taquarense, meu irmão por afinidade, a quem tanto devo; e
dos médicos Fernando Antonio Lucchese, Roberto Mayer e Paulo Ernesto Leães.
Graças a sua competência profissional e às suas equipes, fui submetido a um
transplante cardíaco e nasci de novo.
E
de quem era este coração que hoje bate em meu peito? De um anônimo doador. Não
sei de quem foi. Mas Deus sabe quem é ele e conhece a fundo a sua família. Peço
sempre que derrame Suas bênçãos na alma do que partiu e engrandeça a vida dos
seus familiares, que autorizaram o transplante, e que esse exemplo frutifique.
Hoje, em lista de espera, muitas pessoas aguardam a sua vez de renascer. Para
tanto, dependem de doadores. Por isso, sempre que posso, lembro o tema da
campanha, que tem caráter permanente: “Doar é um gesto de amor à vida”.
Como
diz em Eclesiastes, 3:
“Todas
as coisas têm o seu tempo e todas elas passam de baixo do céu.
Há
tempo de nascer, há tempo de morrer.
Há
tempo de plantar, há tempo de colher.
Há
tempo de chorar, há tempo de sorrir.
Há
tempo de dançar, de dar abraços.
Há
tempo de amor, de guerra e paz.”
E
hoje, minhas irmãs e meus irmãos, é tempo de alegria, é tempo de agradecer aos
amigos que me honram com as suas presenças, aos distintos Vereadores e a todos
que manifestaram seu carinho das mais diversas formas. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelos oradores.)
(Procede-se
à entrega das flores ao homenageado.)
Essas
correspondências eu quero passar às mãos do nosso homenageado e, depois, nos
aproximando do fim de uma Sessão inesquecível para nós aqui da Câmara, pela
emoção e pela postura invulgar durante a vida do nosso homenageado que, acima
de tudo, tem uma nova vida depois de vencer a morte.
Eu
quero dizer para vocês que encerro esta cerimônia convidando a todos os
presentes a ouvir um dos hinos mais bonitos que nós temos que é o nosso Hino do
Estado do Rio Grande do Sul.
(Ouve-se
o Hino Rio-Grandense.)
Agradecemos
pela presença de todos e damos por encerrada a presente Sessão Solene.
(Encerra-se
a Sessão às 20h36min.)
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